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Carlos Brito Dias compõe e encanta Bélgica

Entrevista de Carlos Brito Dias ao LusoJornal a 23/09/2013

Natural de Braga, o compositor português Carlos Brito Dias mora agora em Antuérpia onde frequenta o segundo ano de Mestrado no Conservatório daquela cidade.

Carlos Brito dias acedeu às perguntas do LusoJornal.

LusoJornal (LJ): A residir atualmente na Bélgica, o que mudou na sua vida?

Carlos Brito Dias (CBD): Apesar de estar ainda a iniciar o 2º ano de Mestrado, sinto que esta estadia ajudou-me a crescer, a ser melhor músico e a ver o mundo artístico de outra forma. Aqui tenho menos oportunidades como estudante, mas ainda mais oferta enquanto espetador.

LJ: Como descobriu a composição? Como tudo começou?

CBD: Gradualmente. Comecei a estudar música no Conservatório de Braga aos 6 anos de idade, e desde aí, estive sempre ligado à música erudita. Mais tarde, quando frequentava o 8º ano, tive a oportunidade de estudar ITC com o professor A. Ruiz. O gosto eo desejo de criar as minhas obras começou exetamente aí.

LJ: Quando contou em casa que queria viver da música o resto da sua vida, qual foi a reação?

CBD: Foi aceite de uma forma bastante natural. Sempre fui muito apoiado.

 

LJ: Com que época e compositor se identifica mais?

CBD: Recebo influência de tudo aquilo que ouço: Lobo, Beethoven, Mahler, Webern, Varése, Piazzola, Ligeti, Saariaho e Alva Noto.

LJ: O que acha do escasso número de obras editadas, publicadas e comercializadas em Portugal no últimos anos?

CBD: Sinto que está a mudar aos poucos. Tem havido uma maior aposta, mas não sei se é da melhor forma. Entristece-me saber que a maior parte das obras portuguesas ainda são de difícil acesso.

LJ: Tem obras editadas?

CBD: Ainda não.

LJ: Porque razão o resto do mundo tão continua tão distante dos grandes compositores portugueses?

CVB: A informação sobre a música portuguesa ainda não passa para fora do país como deveria. E não é por falta de qualidade...

LJ: Qual o seu compositor português de eleição?

CVB: L. Freitas Branco.

 

LJ: E a Obra?

CBD: "Pater Peccavi" de D. Lobo.

LJ: o que ouve em casa?

CBD:
Música erudita (século XVI e XIX-XXI), música portuguesa, Bossa Nova e Pop internacional.

LJ: Considera Portugal um país culturalmente ativo?

CBD: Penso que há um esforço para que assim seja.

LJ: Conhecendo  a dinâmica cultural da Bélgica, o que pensa entre este país e Portugal?

CBD: Aqui há mais aposta na arte, mais oferta...e maior respeito.

LJ: Acha que a arte é considerada prioridade em Portugal?

CBD: Não sinto isso. Continua-se a dar prioridade a outras coisas.

LJ: Porque é que a música erudita continua tão afastada do grande público?

CBD: Falta educação. É preciso que as pessoas tenham acesso à música erudita através das escolas e dos meios de comunicação.

 

LJ: Considera o mercado cultural belga acessível aos artistas portugueses?

CBD: Pelo que percebi o Fado, por exemplo, é muito apreciado aqui. Em relação à música erudita a questão é um pouco diferente. Apesar de haver bastante procura, a oferta também é muita, mas conhecendo a qualidade de alguns artistas portugueses, serão certamente bem recebidos.

LJ: Acha que os artistas portugueses, especialmente os músicos eruditos, têm o devido suporte e a promoção junto da Comunidade portuguesa no estrangeiro, da parte das entidades governamentais portuguesas?

CBD: Não.

LJ: Quais os próximos projetos?

CBD: Vão ser interpretadas algumas obras (muitas delas estreias) em Portugal e na Bélgica, nos próximos tempos.

LJ: Tem um suporte on-line onde os nosso leitores possam acompanhar a sua carreira?

CBD: Podem ouvir algumas das minhas obras no meu canal do youtube ou seguir-me no meu facebok (Carlos Brito Dias).

António Pinho Vargas

António Pinho Vargas

Compositor, músico, ensaísta, António Pinho Vargas licenciou-se em História, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Completou o curso Superior de Piano no Conservatório do Porto e mais tarde obteve o Mestrado de Composição no Conservatório de Roterdão na Holanda, onde foi bolseiro pela Fundação Calouste Gulbenkian. É professor de composição na Escola Superior de Música de Lisboa desde 1991 e investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Completou o seu doutoramento em Sociologia da Cultura na Universidade de Coimbra em 2010. com uma tese intitulada Música e Poder: para uma sociologia da ausência da música portuguesa no contexto europeu.

Foi membro do conselho de fundadores da Casa da Música, e entre 1998 e 2001, foi membro do Conselho Consultivo do Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura.

 

 

Discografia      
Gravou 9 discos de jazz como pianista/compositor incluindo os dois CDs duplos Solo (2008) e Solo II (2009) em piano solo. Foram já editados 4 discos monográficos com algumas das suas obras. Destacou-se como compositor clássico, sendo autor de 4 óperas, 2 oratórias, 9 peças para orquestra, 8 obras para ensemble, 18 obras de câmara, 7 obras para solistas e música para 5 filmes. Foi condecorado com a comenda da Ordem do Infante D. Henrique em 1995.
Ópera
Podem destacar-se as óperas Édipo, Tragédia de Saber (1996) Os Dias Levantados (1998) e Outro Fim (2008) os quartetos de cordas Monodia, quasi un Requiem (1993) e Movimentos do subsolo (2008), as obras para orquestra Acting Out (1998), A Impaciência de Mahler (2000), Graffiti [just forms] (2006), Six Portraits of Pain, para violoncelo solo e ensemble (2005) Um Discurso de Thomas Bernhard, para narrador e orquestra (2007) e a Suite para violoncelo solo (2008). Em 2011 estreou a obra sinfónica Onze Cartas para orquestra, três narradores (pré-gravados) e eletrónica e, em 2012, o Quarteto de Cordas nº3, Ouvertures and Closures, para orquestra e Requiem para Coro e Orquestra encomenda da Fundação Calouste Gulbenkian.

Livros

Publicou os livros Sobre Música: ensaios, textos e entrevistas (Afrontamento, 2002) e Cinco Conferências sobre a História da Música do Século XX (Culturgest, 2008) e, em 2011, o livro Música e Poder: para uma sociologia da ausência da música portuguesa no contexto europeu. (CES/Almedina).


Artigos

Participou em comunicações e encontros científicos e tem alguns artigos publicados em revistas científicas e actas de eventos.


Prémios

Recebeu em 2012 o Prémio Universidade de Coimbra, pela sua contribuição para a música contemporânea portuguesa e o Prémio José Afonso pelo disco Solo II.



Ligações:

URL: www.antoniopinhovargas.com

Dança dos Pássaros

Tom Waits

 

 

 

João Gonçalves

João Miguel Gonçalves - Tenor

Licenciado em Canto Teatral pelo Conservatório Superior de Música de Gaia, na classe da Professora Fernanda Correia, com quem continua a trabalhar. Frequentou master-classes orientados por Hilde Zadek, Laura Sarti e Luiz Giron May, tendo aprofundado interpretação de lied e oratória com Charles Spencer. Trabalha regularmente com Enza Ferrari, Marc Tardue e Paulo Ferreira.

Como solista, tem-se apresentado em Portugal e no estrangeiro interpretando lied, oratória e ópera. No domínio da oratória interpretou: Requiem,Missa da Coroação e Missa brevis em Sol Maior (K140) de Mozart, Missa das Catedrais de Gounod, Magnificat e cantata Nun Komm, der Heiden Heiland (BWV 61) de Bach, Missa Solene em Ré Maior de Dvorák, Requiem de Donizetti, Messias de Händel, Missa Crioula e Navidad Nuestra de Ariel Ramirez, Missa Luba de Guido Haazen, e Cantata Mártir S. Sebastião de Ferreira dos Santos.

Ópera

No campo da ópera interpretou: 2º Sacerdote e Guardião do Templo na ópera A Flauta Mágica de Mozart, Marinheiro na ópera Dido e Aeneas, de Purcell, D. Curzio na ópera As Bodas de Fígaro, de Mozart, Rei Gaspar e Pagem na ópera Amahl e os visitantes da noite, de Gian-Carlo Menotti, Le Petit Vieillard (Arithmétique) e La Rainette, na ópera L’Enfant et les Sortilèges, de Maurice Ravel, Gato na ópera O Gato das Botas, de Monsalvage, Tamino na ópera A Flauta Mágica de Mozart, Ruiz na ópera Il Trovatore, Remendado na ópera Carmen, de Bizet (estas duas últimas no Coliseu do Porto numa co-produção do Círculo Portuense de Ópera), Conde Camille de Rossion na opereta A Viúva Alegre, de Franz Lehar, e Professor de Música na ópera A Floresta, de Eurico Carrapatoso. Interpretou ainda, o solo para tenor da obra de Carl Örff, Carmína Burana.

Trabalhou sobre a direção musical dos Maestros Claudio Gallina (Itália), Lawrence Golan (EUA), Jiri Malát (República Checa), Robert William Hix (Inglaterra), Jose Miramontes Zapata (México), Johannes Willig (Alemanha), Marc Tardue, Manuel Ivo Cruz, Mário Mateus, Ferreira dos Santos, António Sérgio Ferreira, Rui Massena, Filipe Veríssimo, Artur Pinho, Jairo Grossi, Sílvio Cortez e Rui Rodrigues.

Venceu, no âmbito do Concurso “Viva Verdi” – 19º Festival Internacional de Música de Gaia 2012 - o Prémio Fernanda Correia.

Entrevista - António Victorino de Almeida

António Vitorino de Almeida

Entrevista com António Victorino de Almeida onde nos fala, para além da sua vasta carreira musical, da sua visão sobre a situação atual do país, do atual panorama da música em Portugal e não só.

“… que existam orquestras sinfónicas, deveriam existir quatro ou cinco no país, porque temos material humano para isso!...”

e

“Deixem-me ajudar!”

são algumas das vontades expressas pelo Maestro nesta conversa com o Música e Músicos.

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